sexta-feira, 8 de outubro de 2010

o depois da despedida {..}


Chega uma hora em nossa vida em que as coisas simplesmente passam. E o sentimento que fica no seu coração, se não é de pura saudade, é de algo muito parecido com ela. A dor do adeus, a dor do ‘até nunca mais’, a dor que fica daquilo que vai. Não importa: é sempre dor. Nos apegamos, tomamos como ‘nosso’ e, de repente, acaba. Acaba de modo abrupto, do mesmo jeito que começou. Foi triste justamente porque houve a tal despedida, e você se acabou por dentro e por fora. Talvez fosse melhor uma separação distanciada, sem laços de adeus. Porque o adeus também exige a formação de laços: os laços de despedida, os piores! A lembrança de uma despedida é pior que a dor de um grande amor. Isso acontece porque nós nunca nos lembramos de como conhecemos alguém, lembramos apenas de como perdemos essa pessoa. E isso corrói o restinho de vermelho que pintava o seu coração: o último sopro da maldita esperança. É permitido ter saudade, não é permitido sofrer. Mas o mundo é ao contrário, o que faz com que seus pensamentos também sejam. E fazemos questão de fazer tudo ao contrário! Nessa hora entra a outra parte dolorida da história: a dor de esquecer o que faz doer. Nós não queremos esquecer o que ficou pra trás porque conseguir aquilo nos custou uma dedicação tão grande quanto deixar o quarto um pouco mais limpo no domingo. Só que não são as pernas que doem. Quer coisa mais dolorida que querer ser feliz e não conseguir porque dói esquecer da despedida? Ficamos apegados. Apegados demais. É quase impossível imaginar enxergar colorido daqui para frente, porque tudo vai estar cinza e com gosto de queimado. As únicas palavras que ecoam na mente são: nunca, dor, sofrer, triste, cansado. Um dicionário mais limitado impossível.

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